Você sabe calcular o valor da sua empresa? Pelas demonstrações financeiras isso é possível! Parte 1-2

16 de outubro de 2022
Utilizando as informações da sua empresa você pode chegar em conclusões semelhantes às de um investidor.

No artigo anterior eu mencionei a questão dos indicadores, entre eles os indicadores financeiros que são utilizados pelos bancos e investidores.Muitos desses indicadores podem ser extraídos das demonstrações financeiras, entre elas: a demonstração de resultado do exercício e fluxo de caixa.

Nesta coluna não vou abordar a elaboração das demonstrações financeiras oficiais da empresa e que são divulgadas periodicamente (trimestralmente no caso das empresas de capital aberto ou anualmente na grande maioria das empresas), uma vez que seguem uma série de padrões que são seguidos pelos contadores e técnicos em contabilidade; vou explicar como utilizar os conceitos de sua formação na gestão do dia-a-dia da empresa.

Hoje vou explorar a demonstração de resultados do exercício e vou deixar para o próximo mês o fluxo de caixa.Abordarei a visão econômica da operação que desconsidera os prazos de recebimento ou pagamento de cada um dos itens

Para esta visão utilizaremos a Demonstração de Resultado do Exercício, a qualé apurada deduzindo do total de Receitas os Impostos Diretos, Custos, Despesas e Provisões. Se o total das Receitas for superior ao total de deduções, diz-se que a empresa teve Lucro, caso contrário diz-se que a empresa teve Prejuízo, também conhecido como Lucros & Perdas.

O modelo gerencial que sempre gostei de utilizarna demonstração do Lucros & Perdas,é o que chamo de “4 colunas”apresentado na figura a seguir. Por ele fazemos a análise horizontalapurando a variação de cada um dos itens considerando:

  • realizado e orçado
    • do mês, normalmente o último mês apurado
    • do acumulado no ano até o mês
  • projetado e orçado para os próximos meses
  • tendência para o ano (real + projeção) em comparação com o orçado.

Este modelo facilita a identificação dos itens que afetam, positiva ou negativamente, no cumprimento do orçamento, como por exemplo: o custo de matéria prima no mês atual (115,7% do orçamento) e, a partir dessa informação, buscar-se o que ocasionou a variação.

Uma outra análise que podemos fazer a partir desse modelo é o que chamamos de análise vertical, na qual todos os itens são relacionados a uma mesma base, neste exemplo: o total de receitas brutas.

Análise Vertical. Total da receita bruta

Nesta visão observamos que o custo de matéria prima no mês (33,9%) é superior ao orçado do mês (31,6%) e dos próximos meses (30,1%).

Como você deve ter percebido, não são cálculos complicados, mas esta organização permite identificar as principais variações que precisam ser analisadas e trabalhadas para o cumprimento ou superação do orçamento.

Tanto a análise horizontal, quanto a análise vertical são instrumentos utilizados pelos bancos e investidores na avaliação de uma empresa. Também analisam o EBITDA (em uma tradução livre:Resultado antes dos juros, impostos, depreciação e amortização), uma forma de medir o resultado da empresa, compará-la com outras empresas e terem uma referência do seu valor.

Vamos assumir que o mercado avalie uma empresa similar a apresentada acima em 10 vezes o seu EBITDA; de forma rápida apuramos R$ 29 milhões como sendo o seu valor, uma referência para sua negociação.

O EBITDA é o resultado da operação, excluindo:

  • Juros (“Interest”) que impactam no resultado operacional, mas podem estar associados a empréstimos feitos para alavancar o negócio
  • Impostos (“Taxes”) que variam em função do setor da empresa, do modelo tributário adotado ou da localização da empresa
  • Depreciação e Amortização cujo impacto no resultado varia entre as empresas

São conceitos novos para você? Acredita que conseguirá utilizá-los? Compartilhe comigo a sua opinião e comentários.